Passei os últimos dias pensando em algo engraçado que pudesse contar a respeito do meu pai. E foi difícil, pois são tantas coisas que aconteceram, e tantas delas são engraçadas. Enfim, não escrevo esta postagem para deixar meus irmãos com inveja, pois como sabem o filho preferido sou eu, mas o papai também ama vocês.
Não consegui escolher uma entre tantas histórias, mas escolhi uma boa, talvez não a mais engraçada mas com certeza uma com significância tremenda.
Desde pequeno sempre pedia pra passear com meu pai, podia ser de carro ou quando ele ia à feira no sábado, e me fazia provar amoras na volta só pra me ver com cara de azedume, mas adorava andar do lado do meu pai e correr no encalço do seu passo lento. Mas uma vez meu pai decidiu que iria sair de casa e iria até trindade a pé, eu como bom companheiro me candidatei e só vi que estava realmente falando sério quando no outro dia as quatro e meia da manhã ele me acordou para sairmos, dali pra frente não teria volta, me deu a opção de ficar e mesmo assim eu fui.
Cama, cobertor, mochila, quite de primeiros socorros, blusas, luzes. Cozinha, lanche, mesa, leite e pão. Dispensa, saco de bolacha Mabel, pacote de passatempo, água, chocolate, sucrilhos, calcular, pensar, calcular, voltar à dispensa, pacote de passatempo, pacote de passatempo, frutas. Relógio, portão, “PAI ME ESPERA”, estrada.
Já amanhecia quando nos ofereceram carona e meu pai negou, ao passo que eu perguntei: “Daqui quanto tempo a gente vai se arrepender de não ter pegado?”, e meu pai riu, mas depois se arrependeu tenho certeza. Andamos e descobrimos que andaríamos o dobro do previsto, mesmo assim continuaríamos, passamos por rios, conhecemos pessoas no meio da estrada, vimos de todos os ângulos a Serra da Areia, que a propósito é magnifica. Mas a coisa que mais nos impressionou é que agente não encontrou de jeito nenhum o homem que estava andando de costas, mas temos certeza de que estava indo pro mesmo lugar que nós, pois se a gente se perdia seguíamos os passos dele e tudo deu certo no final, tirando algumas bolhas nos pés e alguns músculos em fogo.
Se aqueles 60 km de caminhada foram bons, imagina então correr a São Silvestre, não foi só bom, foi estrogonóficamente ótimo. Nesta última eu percebi uma coisa muito importante sobre meu pai e sobre mim também, mais precisamente sobre nós, descobri que quando é sobre nós dois correndo, não importam quantos quilômetros sejam a conversa nunca acaba.
Corremos os quinze quilômetros, conversando e “molhando as palavras” com Gatorade e água, e no único momento que as palavras nos faltaram, nós acabamos cantando no meio da avenida “Coronel Alguma Coisa”, a nossa marcha imperial “O Fantasma da ópera”.
Sei que todos vão dizer que é ótimo caminhar ao seu lado pai, e não deixa de ser verdade, mas ótimo mesmo é correr e poder compartilhar isso com você, obrigado por me proporcionar estes momentos e estar em tantos outros ao meu lado, e já me desculpando pelo que vou te chamar agora, porque sei que não gosta muito desses profissionais, obrigado por ser meu advogado quando precisei.
Eu te amo, e se já deixei de demonstrar, espero que entenda como quilômetros de conversa valem tanto quanto palavras.
Quem ama o papai diz “UHUU PAPAI É LINDO” nos comentários.
Este é um filho verdadeiramente digno do pai. Deus abençoe os dois. Abraço forte do Roberto (de São Paulo).
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